Mensagem do presidente da FAAND 

à propósito do “Mundial” Egipto’2021


O Mundo vive um momento particularmente difícil da sua história, imposto pela pandemia global da Covid’19, cujo rasto de morte que lhe segue é indescritivelmente tenebroso. É neste contexto em que Angola, por direito de conquista – foi quarta classificada na prova qualificativa, o “Africano” de 2020, em Túnis –, participa na 27.ª edição do Campeonato do Mundo de andebol sénior masculino. É a quinta vez que o faz, algo que a todos os angolanos deve orgulhar, pois durante anos a fio o país era universalmente conhecido quase exclusivamente pela guerra que ceifou milhões de vida, mas que, felizmente, terminou a 4 de Abril de 2001, com a assinatura do Acordo de Paz do Lwena (Moxico).

A pandemia condicionou tudo e todos. Como é óbvio, Angola não podia ser excepção. Por esta razão, há um ano que não temos actividade desportiva. Naturalmente, atletas e técnicos não pararam de treinar individualmente. Mas isso não é suficiente para manter os níveis físico-atléticos de um jogador de alta competição, como são os que integram a Selecção Nacional de andebol que está no Egipto. Dadas as imensas adversidades decorrentes da pandemia, eventualmente o caminho mais fácil a escolher seria a desistência, como já fizeram, de resto, as selecções da República Checa e dos Estados Unidos da América por motivos altamente poderosos. 

Entendemos, porém, que nem sempre o mais fácil é o mais acertado e proveitoso. Por isso, dissemos PRESENTE e estamos na “alta roda” do andebol mundial, na elite. Estamos entre os melhores do Mundo e isso é motivo de orgulho para esta Direcção que há pouco mais de dois meses iniciou funções, preparando a campanha mundialista em apenas um mês, o que não deixa de ser bastante significativo, se atendermos ao facto de, em regra, os preparativos de uma competição do género demandarem pelo menos três meses.

As condições em que vivemos em virtude da pandemia da Covid’19 não permitiram, desafortunadamente, à Selecção Nacional realizar qualquer jogo de preparação e muito menos fazer um estágio no exterior do país, onde seguramente disporia de possibilidades de testar competitivamente o grupo pré-convocado. Ainda assim, os nossos bravos “Guerreiros” prometem bater-se na quadra até à última gota de suor para honrar o nome e a bandeira do país, que foi simbolicamente entregue à equipa pela Exma. Senhora Ministra da Juventude e Desportos, Dra. Ana Paula do Sacramento Neto. Não tendo tido os jogos de controlo que todos nós, dirigentes, comissão técnica e atletas, esperávamos e gostaríamos, o estágio no Lubango foi, contudo, em toda a linha, proveitoso. Não só pela entrega inexcedível dos jogadores e as excelentes condições de trabalho de que dispuseram, mas também pelo carinho de que foram rodeados por parte do público e do Governo da Província da Huíla, a quem a Direcção da FAAND teve o ensejo de agradecer.  

Nessas condições muito peculiares, seria imprudente apontar metas. É que os condicionalismos globais, em quase todos os níveis, sequer permitiram que a Selecção Nacional chegasse com alguma antecedência ao cenário da prova para, in situ, disputar jogos de controlo. Apesar desses constrangimentos, garantimos que, como profissionais de carácter inatacável, os nossos atletas darão o melhor de si, dignificando o nome de Angola e dos angolanos.

Entretanto, só a mera participação é só por si um ganho imensurável para a nossa representação, num momento em que, havendo “prioridades mais prioritárias”, o Governo, mesmo assim, honrou com a sua parte, de forma expedita e integral, permitindo desse modo a presença de Angola neste “Mundial”. Em condições normais, esta sequer seria “conversa” para este espaço. Mas dado o contexto em que vivemos, com o controlo à pandemia a estar no topo de todas as prioridades e a exigir um esforço redobrado do Executivo, é mister da Direcção da FAAND reconhecer este sinal claro de que, para as autoridades governamentais, o Desporto continua a ser tido como factor de união dos angolanos.

Não podíamos também deixar de agradecer publicamente os nossos patrocinadores tradicionais, nomeadamente TOTAL, BAI, UNITEL e Água Pura, que há muito vêm palmilhando lado a lado com as nossa equipas o caminho de sucesso do andebol angolano. Este agradecimento é dilatável a outras entidades amigas do Desporto, particularmente do andebol, pelo inestimável e incondicional apoio prestado, o qual serviu para mitigar igualmente despesas atinentes à campanha mundialista. Por tudo isso, resta-me apenas augurar um bom desempenho da nossa Selecção Nacional nesta prova que o Mundo acompanhará em tempo real, apesar da pandemia.

Bem-haja Angola!


O Presidente da FAAND

José Amaral Júnior “Maninho”